Bruno Oliveira já usa várias ferramentas de Inteligência Artificial (IA) na sua rotina de trabalho: Midjourney e Adobe Firefly para a criação de imagens, o Copilot e o ChatGPT mais para produtividade. O líder do centro digital da Sumol+Compal considera que a melhor forma de saber se uma ferramenta é útil ou não para uma empresa é… experimentar.
“A IA funciona como um briefing: se o briefing for bom, o conteúdo é bom. Mas para isso tenho de ter um pensamento estruturado”, disse num dos painéis de discussão do Martech B2B Summit, evento de marketing digital direcionado para o segmento empresarial que se realizou na semana passada em Lisboa e do qual a Exame Informática foi parceiro.
Como algumas ferramentas são gratuitas ou têm períodos de demonstração, o investimento em experimentar algumas destas novas ferramentas é muito baixo. E depois entra a máxima dos grandes números: se a equipa está a usar muitas vezes e ao longo de vários dias, então aquela ferramenta talvez deva fazer parte do fluxo de trabalho. E só as que têm realmente valor – seja fazer mais em menos tempo, seja as que permitem acrescentar diferenciação face ao que já era feito – vão realmente ficar.
A seguradora Fidelidade, por exemplo, já encontrou um caso de uso. “Pegar em todas as chamadas que a Fidelidade recebe para criar uma base de conhecimento com todos os assuntos que levam as pessoas a contactar os seguros. E [perceber] como melhor comunicar e resolver os problemas mais comuns”, exemplificou António Tomé Ribeiro, líder de novos negócios e marketing da Fidelidade.
“Temos de testar e ver o que funciona para nós, enquanto indivíduos e enquanto empresas”, sublinhou ainda Patrícia Mestre, diretora de marketing da Microsoft Portugal. E é esta onda de inovação que acaba por levar a uma transformação “das pessoas e dos processos”, defendeu Gabriel Coimbra, diretor da empresa de análise de mercado IDC Portugal.
Fator humano ainda é relevante
Se as tecnologias emergentes, sobretudo a Inteligência Artificial generativa, prometem ocupar um papel na vida das empresas, os oradores também concordaram com a ideia que o fator humano ainda será essencial na hora de fazer negócio.
“A tecnologia é um meio para chegar a um fim, não é um fim em si. A componente humana do negócio é essencial”, defendeu Gonçalo Consiglieri, da startup Visor AI, que desenvolve ferramentas de Inteligência Artficial na área de apoio ao cliente. Apesar de estar a trabalhar no ‘futuro’ da relação entre utilizadores e empresas, às vezes a melhor forma de fazer negócio é ‘à antiga’, como a presença em feiras e eventos onde estarão os potenciais clientes, revelou o porta-voz da tecnológica.
Também Ana Craveiro, diretora de comunicação da empresa de advocacia Morais Leitão, sublinha esta perspetiva. “Não interessa ter uma plataforma ou tecnologia se não for para resolver um problema no negócio. A tecnologia é só um acessório, uma forma de lá chegar”. E é uma forma de entregar informação e apoio que acrescenta valor àquilo que o cliente precisa, defende.
Isso, aliado às necessidades de respeitar as diferentes regulamentações, cada vez mais apertadas, e a defesa contra ameaças externas, como o ambiente geopolítico instável e as burlas online, tem colocado as empresas sob grande pressão. “Todos os dias somos pressionados para ter mais vendas, angariar mais clientes e depois existem estas pequenas ameaças que podem pôr a empresa em risco”, explicou Pedro Gonçalves, diretor de marketing da GRUPEL.
“Quando nos resta a nós ser os humanos, as ferramentas ajudam, mas não nos vão substituir”, defendeu João Ricardo Moreira, da NOS. Uma ideia que Luís Rasquilha, diretor executivo do Ecossistema Inova, subscreveu: “O futuro do ser humano é ser humano”.